Esta série me deixou bastante intrigada, muitas vezes tenho medo da pasteurização e romantização de eventos históricos… E para quem estuda design a Bauhaus, além de uma escola, é um evento histórico, por sua originalidade e turbulência de idéias antes e depois da guerra.
Partindo de uma entrevista entre o arquiteto Walter Gropius, fundador da escola em Weimar (1917) e uma jornalista, e da paixão de Gropius por uma das alunas, a história se desenrola mostrando artistas modernistas em conflito com artistas tradicionais, implantação de novos métodos de ensino, o conflito interno emocional dos personagens diante da época conturbada que viveram, e muitas discussões são bastante pertinentes ao que vivemos agora – extremismos políticos, visões místicas pessoais transmitidas para a arte, jovens artistas experimentando e questionando a arte, o design e a arquitetura, as mulheres questionando seu papel na arte e na sociedade… O que me impressionou muito foi o embasamento histórico e visual da série. Eu não sabia, por exemplo, do envolvimento de Johannes Itten com o Mazdaznan, acabei conferindo pelo excelente site Bauhaus Imaginista, que contém todo um estudo sobre a história da escola e seus métodos.
O curioso e triste ao mesmo tempo é pensar que praticamente 100 anos depois estamos travados na mesma discussão entre o conservadorismo e o modernismo, os discursos parecem ter apenas trocado de roupas e acessórios, mas o conflito geral continua o mesmo: a arte, a meu ver, tem um caráter próprio, que por si só é profundamente questionador, investigando e buscando o inovador. Ali surgiu o berço de tudo o que entendemos como design hoje, inclusive o funcionalismo, tão discutido atualmente em todas as áreas do design. Eu me pergunto, já que hoje tudo se tornou produto, até as pessoas, aonde esse questionamento foi parar? O que precisamos para ter esse tipo de discussão sobre arte nas escolas, novamente? Até quando vamos apenas ser e gerar produtos e consumo, e quando vamos escavar a estrutura das coisas para esse debate? Sinto que o mundo muda a uma velocidade alucinante, está na hora de mudarmos para este mundo também, e enquanto o debate não se aprofundar, continuaremos a boiar na superfície.
Tem também momentos icônicos, como o desenvolvimento do Ballet Triádico de Oscar Schlemmer.
Para quem quiser assistir, a série está disponível no canal da HBO.